Nos últimos dias tem aumentado as discussões sobre a poupança. Será que ela vai mesmo mudar?

Todos que quiserem defender o partido (ou defender o ataque ao governo) vai afirmar que nada que foi dito é mentira. Minha resposta para estas pessoas é sim e não! De fato, eles não afirmam nada de mentiroso, mas sim, eles induzem que o governo está planejando confiscar ou alterar a poupança de um modo que irá prejudicar a população.

Ao invés de utilizar o espaço para explicar a verdade para a população, o PPS pega o atalho da critica para o medo! E para isso fala um punhado de bobagens! Chegam a afirmar que as alterações visam beneficiar os bancos! Bancos (bem administrados) vão sempre ganhar dinheiro simplesmente porque ele empresta o dinheiro por um valor superior ao que ele te paga (chamado de spread), seja a taxa básica de juros estipulada pelo governo 20%, 15% ou 9% ao ano.

E porque o governo quer mexer na poupança? Simples! Uma das coisas que pouca gente sabe é que o governo é o maior cliente dos bancos! Centenas de bilhões de reais foi emprestado para o governo, principalmente por bancos e grande investidores (nacionais e internacionais). Estes empréstimos se dão através de títulos públicos.

O governo emite um papel e se compromete a pagar a quem tiver o papel no futuro (algumas vezes 30 anos no futuro) um prêmio, isto é, compre um título meu por 800 reais e eu lhe pago 1000 reais pelo mesmo papel em 10 anos! Não tem nada de errado o governo fazer isso. É um procedimento comum em todo o mundo. Fazendo isso o governo consegue controlar o consumo, o desenvolvimento, a cotação do dólar, etc.

A poupança é uma invenção brasileira que foi definida de uma forma pouco ortodoxa. Primeiro, a poupança paga 6% ao ano + TR. Mais, não paga imposto de renda. E para fechar a equação dos problemas, os bancos são obrigados a usar 65% obrigatoriamente para financiar o setor imobiliário.

Se a taxa básica de juros se reduz muito, poucas pessoas irão comprar os títulos do governo. Sem vender seus títulos o governo perde um grande instrumento de controle da economia. Os investidor irão colocar o dinheiro na poupança.

Os bancos, por sua vez, terão dificuldade de captar dinheiro livre (isto é, dinheiro que pode ser emprestado para outros fins que não seja imobiliário). Arrisco a afirmar que o juros para o consumidor iria subir devido a escassez de dinheiro.

O governo se veria obrigado a tomar uma decisão. Sem dinheiro para financiar seus gastos ele poderia cortar os gastos, o que num momento de crise significa colocar menos dinheiro na economia, demitir funcionários, parar investimentos em portos e estradas, cortar dinheiro da saúde e educação. Ou ir pelo caminho mais fácil e imprimir dinheiro para se financiar como faziam os presidentes das décadas anteriores. O problema é que está segunda opção traz de volta a inflação.

Eu sei que parecesse conspiratório, mas essa é a verdade. Quando alguém está falando em alterar a poupança está na verdade pensando em evitar estes dois cenários trágicos para o país. Não é questão de ideologia, qualquer governo seria obrigado a fazer o mesmo.

Meu palpite? O governo irá procurar uma solução de meio termo. Para quem tem até 100 mil reais, nada muda. Para quem tiver mais, um novo imposto para desestimular seu investimento. Há quem diga que só vai mudar para quem investir acima de 1 milhão. É esperar para ver e começar a discussão que o governo só sabe criar impostos.

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